domingo, 31 de agosto de 2008

Turn around bright eyes

Qual a explicação para o que se sente ao ouvir "Total eclipse of the heart" (especialmente na versão bonnie tyler) ou ainda "Caruso" (em qualquer versão), ou mais ainda La Barca (sempre o Miguelito) ao cair da tarde?

Mas eu gosto, né.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

maumor.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Um pouco egoísta.

Só pensando em querer um pouco de tudo apenas para mim.

Um pouco que compensasse as angústias, que calasse o vazio.

O mesmo pouco que passa tão longe, que só deixa aos olhos a certeza da existência e a vontade.

Estou meio sem nada.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Esperei,liguei,chamei,contei,pedi,escrevi,dancei,fiz poesia,andei no parque,corri na chuva,briguei na chuva,deitei na grama,ganhei flores,dei flores,mensagens,cartas,cartas gigantes,presentes,eu mesma inteira,minhas palavras,tudo o que eu tinha,fiz jantar especial com direito a sobremesa especial,à luz de velas,supresas,cenas de ciúme,gritei,beijei,beijei muitas e muitas vezes,abracei,quis ser abraçada,fui orgulhosa,fui humilhada,fui desprezada,fingi desprezar,desprezei mesmo,fiquei sozinha,desliguei na cara,pedi desculpas,fui desculpada,viajei, fui à praia,fui ao campo,fui à serra,fui à Minas,Itu,Paraty,fui ao céu e ao inferno,voltei,me recuperei,fiquei cega,surda,muda,voltei a enxergar,a falar,a rir,a cantar,comecei a chorar sem parar,compulsivamente,parei,sorri compulsivamente,amei compulsivamente,fui a mais feliz do mundo,a mais infeliz,escrevi mais,muito,fiz mais poesias,contos,ganhei uma música,um jardim de conchas,perdi amigas,perdi inimigas e ganhei outras,tive mais ciúmes,fiz o que não queria,fiz muito do que sempre quis,levei,trouxe,carreguei,empurrei,puxei,dormi pertinho,de mãos dadas,de sonhos dados,dei meus sonhos,dividi a minha vida, os meus pedaços,meu coração entreguei inteiro.

E sarebbe come se tutto questo mare annegasse in me.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Milonga


Dois juntos, colados,


ritmados


um passo que passa da conta, arrasta,


passa


me deita, deleita


e dança a dança conjunta,


sussurra


e canta contando com tudo que é mudo


para calar ao redor


e roda


gira a saia e sai


e sua


sou sua,


sussurra


e passa


e arrasta e dança e roda e sua e canta e deita e deleita e gira e tira a saia


e acaba.







E ficam o tango e as desculpas para compor esta milonga.






segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Le temps et l'amour comme ruine



Desde o começo, você era ruína.

Simples destruição que ficava, restos de memória criada.

Espaço que deixou vazio.

(vazio que se perde com o tempo)

E agora eu olho seus restos e penso que o grande problema

Não é o entulho da construção inacabada,

Mas o quase eu mesma ter sido arruinada.




"O homem arruína mais as coisas com as palavras do que com o silêncio."(Mahatma Gandhi)

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Sim, eu deveria postar apenas quando tivesse algo interessante para dizer. Mas quis me obrigar a escrever todos os dias (que tiver um computador por perto), para não perder o hábito.

Não sei.

E essa é uma boa frase para o momento. Não sei. Eu que sempre soube o que queria, o que fazer, já não sei tão bem, já fico na dúvida, até do que eu realmente quero. Poderia ser a dor de cabeça, se isso já não se arrastasse tanto.

A parte boa é que sei muito do que não quero. E que consegui ingressos pro Dave Matthews!

Nothing is here to stay
Everything has to begin and end
A ship in a bottle won't sail
All we can do is dream that the wind will blow us across the water
A ship in a bottle set sail..

E continuam as minhas reflexões existenciais..

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Aprenderei a ser árvore

Árvore


cego
de ser raiz

imóvel
de me ascender caule

múltiplo
de ser folha

aprendo
a ser árvore
enquanto
iludo a morte
na folha tombada do tempo

(Mia Couto)


Porque não sei ser árvore ainda
e ainda não sei escrever.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Feiticeiro

Que morram as estradas, se apaguem os caminhos e desabem as pontes!

Chorais pelos dias de hoje? Pois saibam que os dias que virão serão ainda piores. Foi por isso que fizeram esta guerra, para envenenar o ventre do tempo, para que o presente parisse monstros no lugar da esperança.

Não mais procureis vossos familiares que saíram para outras terras em busca da paz. Mesmo que os reencontreis eles não vos reconhecerão. Vós vos convertêeis em bichos, sem família, sem nação.

Porque esta guerra não foi feita para vos tirar do país mas para tirar o país de dentro de vós.

Agora, a arma é vossa única alma. Roubaram-vos tanto que nem sequer os sonhos são vossos, nada de vossa terra vos pertence, e até o céu e o mar serão propriedade de estranhos. Será mil vezes pior que o passado pois não vereis o rosto dos novos donos e esses patrões se servirão de vossos irmãos para vos dar castigo.

Ao invés de combaterem os inimigos, os melhores guerreiros afiarão as lanças nos ventres das suas próprias mulheres. E aqueles que vos deveriam comandar estarão entretetidos a regatear migalhas no banquete da sua própria destruição. E até os miseráveis serão donos do vosso medo pois vivereis no reino da brutalidade.

Terão que esperar que os assassinos sejam mortos por suas próprias mãos pois em todos haverá medo da justiça. A terra se revolverá e os enterrados assomarão à superfície para virem buscar as orelhas que lhes foram decepadas. Outros procurarão seus narizes no vómito das hienas e escavarão nas lixeiras para resgatarem seus antigos órgãos.

E há-de vir um vento que arrastará os astros pelos céus e a noite se tornará pequena para tantas luzes explodindo sobre as vossas cabeças. As areias se voltearão em remoinhos furiosos pelos ares e os pássaros tombarão extenuados e ocorrerão desastres que não têm nome, as machambas serão convertidas em cemitérios e das plantas, secas e mirradas, brotarão apenas pedras de sal. As mulheres mastigarão areia e serão tantas e tão esfaimadas que um buraco imenso tornará a terra oca e desventrada.

No final, porém, restará uma manhã como esta, cheia de luz nova, e se escutará uma voz longínqua como se fosse uma memória de antes de sermos gente. E surgirão os doces acordes de uma canção, o terno embalo da primeira mãe.

Esse canto, sim, será nosso, a lembrança de uma raiz profunda que não foram capazes de nos arrancar. Essa voz nos dará a força de um novo princípio e, ao escutá-la, os cadáveres sossegarão nas covas e os sobreviventes abraçarão a vida com o ingénuo entusiasmo dos namorados.

Tudo isso se fará se formos capazes de nos despirmos desse tempo que nos fez animais. Aceitemos morrer como gente que já não somos.

Deixai que morra o animal em que esta guerra nos converteu.


Em: Terra sonâmbula. São Paulo: Companhia das Letras, 2007; p. 201.

Caixa

Estou numa caixa. Não há saída, não há mais ar.

Não há luz.

Há poeira, muita poeira, e eu já não consigo respirar.

Ar.

Ar.

[tomba a caixa].

O não-estar.

Fácil identificar quando estamos, não importa o que seja, feliz ou triste (ou outros pares). Fácil relacionar as sensações referentes a cada estado que nos encontramos. Sim, é fácil, mesmo quando o que sentimos é difícil.

E quando não sentimos? E quando não estamos?

Não é o mal-estar ou o bem-estar. É o não-estar.

Estou numa semana fora do mundo. Como se tivessem amputado as sensações de meu corpo. São agora como membros-fantasma, mas apenas isso. Sei que já estiveram aqui. Sinto a saudade de sentir, de verdade. E não importa o quê..

Semana vivida apenas por si. De leve..

Aparecendo no máximo um maumorzinho inconveniente..

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Valendo o mesmo que Machado

Que surpresa ao ler minha mãe dizendo (ó, frase moderna) que meu livro estava à venda por R$ 8,00 em um sebo de Santo André. Acho que finalmente completo meu ciclo (magro ainda) de escritora. Gostaria apenas de uma reedição. Penso em mandar cartas, de diversos remetentes, com este pedido. É um projeto.

Por enquanto, me divirto descobrindo quais outros autores também são vendidos pelo mesmo preço:

http://sebopacobello.locaweb.com.br/busca.php?tipo=tituloautor&nome_primeiro=MACHADO%20DE&nome_ultimo=ASSIS

Uhuu, excelente descobrir que custo o mesmo que Machado!! \o/

Mas bem que podia ter foto da capa :/
http://sebopacobello.locaweb.com.br/busca.php?statsadd=1&tipo=titulo&string=2026

Enfim, este é um bom argumento para minha pretensão de conseguir uma cadeira na Academia. Mesmo que de plástico.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

..

Nada de textos bonitos hoje, apenas divagações insubstanciosas e uma vontade maior do mundo de ir pra casa abraçar um travesseiro.

Provavelmente com fundo musical bem planejado.

Por que diabos..

.. escolheram a expressão "chicle de bola" para "goma de mascar"?

Não me diz absolutamente nada.

domingo, 17 de agosto de 2008

Domingo


Escuro dentro, claro fora.
Todas as possibilidades esperam, eu permaneço.
Tanto a fazer, eu vazia.
E o meu vazio preenche o espaço cheio de móveis.
Dupla face de domingo. Potencialmente ambíguo.


Is such a long and lonely time.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Poesias Arcoloridas: Violeta

Mais do que palavra ou cor, uma vida.
Do primeiro dia já sabíamos, eu seria sua.
O tempo longe, desacreditado, trouxe sua imagem de volta, era para ser.

E eu fui. E você veio

Violeta
Violett
Violet
Viola
Vijoličast
Fioletowy
Violetto

بنفش

E é minha.

Poesias Arcoloridas: Anil / Indigo

É persa, é árabe, é 450 e 480 nanômetros de comprimento de onda.
É cor-não-cor, mestiça de azul e violeta, fusão.
A cor-não-cor não tem cor de planta, e é.
Irreconhecível, indescritível, impensada.
Mais ciência que realidade.

É cor e compõe o arco.

Poesias Arcoloridas: Azul

Triste
banalização do azul, imagens largadas de céu.
Onde mais encontro?
Em chão não há.
Procuro dentro.
Atrás dos olhos, também azuis,
o azul na cor que poderia sorrir.

Poesias Arcoloridas: Verde

Como saber seu All Star,
sua blusa que me abraça ao sono?
Saberia o Sol? Pés?
Não saberia.
Não saberia o tempo,
envelhecimento.

Como saber nossas tardes de liberdade,
libertivertimento,
na ausência do verde?

Poesias Arcoloridas: Amarelo

Amar o elo
hÁ mar no elo
Ama, rói, mela
roela
Ama e rela
Amar é ela
E só ela ama.

Poesias Arcoloridas: Laranja

fruta
fruta
cheiro
cor.
fruta e cor, sob a mesma casca
o mesmo rótulo dividido,
definido o artigo, definido
se cor ou fruta
mas importa? se fruta ou cor
será laranja e pronto.
(e bagaço talvez).

Poesias Arcoloridas: Vermelho

Mal Proibição Guerra Sangue Dor.
Quente.
Ódio.
Ferve.

A cor do meu cabelo que te conquistou.

Hélas


Maldito hipotálamo incontrolando
você, por mim
por tudo, todos os lados
vontade
de fome ou instinto
que seja,
quero.