O que é ser mulher

Não é pouca coisa ser mulher, nem ao menos fácil. Nem ao menos indolor.

Esses dias estive reparando em algumas coisas. Na verdade, em algumas mulheres.
No nosso grau de sensibilidade.
Na importância que damos à nossa própria beleza.
Na dificuldade que temos em nos sentirmos satisfeitas, com o que quer que seja.
No tempo que passamos no vestiário da academia.
Nas diferenças entre peles inexperientes e vividas.
Na preocupação excessiva, também com o que quer que seja.
Em todos os estilos de roupas, maquiagens, sapatos e cabelos que passaram por mim ultimamente.

A pergunta é: os homens também reparam? Os homens percebem a delicadeza de nossas pequenas atenções, os detalhes de nossas unhas, a tornozeleira que usamos, o cuidado com o qual usamos nossas palavras?

Acho que 70% do nosso encanto passa longe aos olhos dos rapazes. A maioria destes, vazia, rasa.

É fascinante o quão ricas podemos ser, o quão complexas.

Como uma bobagem pode nos magoar. Um sentimento de rejeição que seja, uma exclusão no trabalho, ou alguém que não quer nos conhecer, sem motivo algum.. como nosso coração pode disparar ao ver alguém que nem nos conhece, ou ao ouvir a voz de alguém desejado. Como um leve toque de mãos no rosto pode levar embora a mágoa, a irritação. Como um beijo pode esquecer uma briga da semana inteira..

Achei encantadora a maneira que duas amigas (seriam um casal?) se tratavam no ônibus. O carinho nos gestos e toques, a cumplicidade. Difícil de se encontrar em uma relação homem-mulher.

Não menos encantador o que vi em seguida, ao chegar ao trabalho. Uma moradora de rua com unhas dos pés cuidadosamente pintadas, sob um cobertor em estado deplorável.

Não importa o quanto o mundo nos maltrate (e ele não pega leve conosco). Não perdemos nosso encanto, mesmo que seja preciso olhar por trás de uma casca grossa, ou ainda por baixo de um cobertor que não faz jus ao que está encobrindo..